Pare!

Pare! Se você pensa que verá textos, imagens ou qualquer coisa relacionada a Garfield e seus amigos, enganou-se. Aquele gato já me deu problemas no passado e qualquer comentário a respeito será ignorado e excluído.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010





Para iniciar esse blog falarei sobre uma experiência social feita por mim e mais um amigo. Portanto preparem-se para uma boa história.
Um amigo me chamou para ir à uma festa de 15 anos de uma prima dele, que mora em uma pequena cidade perto de onde moramos, por volta de 2 horas de viagem (carro). Saímos no dia da festa (sábado) para voltar no domingo. A viagem foi tranquila e apesar de termos ido a noite, a estrada estava calma e chegamos rapidamente. Estávamos tranquilos e nem sabíamos que estávamos prestes a fazer uma experiência hilariante com os habitantes daquela cidade. Chegamos à festa e eu cumprimentava as pessoas sem falar nada, sem nenhum motivo aparente, apenas não estava sentindo vontade de falar...acenos com a cabeça e leves levantadas de sombrancelha faziam o trabalho social por mim.
O jantar foi o que nos levou à ideia genial de fazer uma brincadeira. Ao fazer os pratos no buffet "self-service", nos sentamos com um primo do meu amigo e uns moleques interioranos (o "primo" faz parte deste grupo). Uma nota antes de continuar: este meu amigo com o qual viajei já morou nos Estados Unidos e fala inglês fluente. Pois bem, em um certo momento, um dos viciados em futebol pergunta ao meu amigo se eu também morava nos Estados Unidos...por impulso e com intuito de sacanear o pequeno rapaz, meu amigo responde que sim! E assim tudo começou.
Estendemos a brincadeira até o ponto em que eu não podia mais falar português pois todos DA FESTA pensavam que eu era norte-americano! Falamos várias vezes que eu era nascido no Brasil e entendia português, mas não falava muito bem, mas isto pareceu ter sido completamente ignorado pelos cidadãos daquela pacata cidade.
Chegamos a um ponto em que não havia mais volta: a avó do meu amigo já havia tentado conversar comigo e também a enganamos, não tinha mais como falar que era uma brincadeira, se não sairíamos linchados da cidade. Mas voltando...com os rumores de que tinha um estrangeiro no pedaço, e este estrangeiro sendo eu, todos que me olhavam me analisavam dos pés a cabeça! Pessoas me olhavam com caras de "Nossa, como ele é diferente...", mesmo meu amigo repetindo constantemente que eu entendia português, todos falavam como se eu fosse um retardado mental que não entendesse frases, caso fossem ditas muito rapidamente...tornei-me a sensação da festa.
O mais engraçado, além do tratamento "especial" dado por todos, foi quando estávamos de saída da festa e eu soltei um malfalado "tchao" para a aniversariante: ela se assustou e falou com muita surpresa " Nossa! Ele sabe falar tchau!!!!"
Repetindo: contamos a todos da festa que meus pais eram brasileiros e que eu entendia português perfeitamente, apenas não falava bem.
Fomos dormir na casa de uma tia do meu amigo, como havia sido combinado. Ela me deu um tour pela casa com muita humildade e cheia de desculpas, como se eu só tivesse entrado em mansões a minha vida toda. Tratou-me muito bem, e até arriscou algumas palavras em inglês. Seu filho pequeno, que devia ter uns 5 anos, ficava me encarando com fascínio e fazia piadas constantemente comigo, ele falava mais naturalmente comigo do que qualquer outro, e quando eu falei pra ele "High Five!" (toca aqui!), ele bateu na minha mão como se eu tivesse falado em português...acho que crianças seguem mais facilmente ações gestuais...
No outro dia, fomos almoçar na mesma casa em que ocorreu a festa de 15 anos. Ao chegar, novamente olhares estranhos e fascinados vieram sobre mim, mas agora com uma certa aceitação maior...talvez o choque havia passado...pelo menos para alguns. As pessoas, em sua maioria, me trataram muito bem, talvez até melhor do que se eu fosse um "amigo da capital", mas todas demonstraram um certo receio de iniciar qualquer conversa (com exceção daquele tio que faz piadas com todos), mesmo sabendo que eu entendia português.
A viagem foi boa e rendeu muitas risadas entre eu e meu amigo, que repetíamos constantemente "We're going to hell for this" (vamos pro inferno por isso) e "yo so dumm" (quotando um sábio músico).
É engraçado como as pessoas te tratam diferente só de saber que você (supostamente) não morou no mesmo país que elas, mesmo sabendo que você pode entendê-las, elas fazem da sua presença algo de outro mundo.

2 comentários:

  1. caralho. Pirante. Eu quero fazer algo assim depois. Mas meu sotaque em inglês é péssimo e eu dou bandeira com tudo, eu ia estragar tudo. Mas me parece muito divertido.
    And yes, ya goin'to hell for this.

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=op